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15 maio, 2009

E quando não se está mais lá?



Por Cau Alexandre

Amo você!

É a frase que 100% das mulheres querem ouvir. Quando? O tempo todo!
Satura? Do ponto de vista fantasiosamente feminino, não!

Mas e quando não é mais a mesma verdade que era antes? Ainda valeria a pena ouvir?

Creio que amamos incondicionalmente quando queremos amar. Tendo ele ou não aqueles lindos olhos cor de mel, aquelas mãos macias, aquela voz grave e sensual... quando queremos amar, amamos. Ponto!


Mas é que amor não é estático, evolui. Cresce ou diminui com o passar o tempo. Transforma-se com as vivências e as emoções. Morre? Em alguns casos sim, quando é sufocado fortemente.

Há um amor mais que incondicional, mas não é sempre que estamos dispostos a abrir mão até de nós mesmos em nome desse amor... Algo assim divino, humanamente superior, digno de seres humanos muito melhores que a maioria... Definitivamente melhores que eu!

Queremos na verdade um amor de troca, não digo justo, porque não haveria um justo pagamento para sentimentos sublimes. Mas queremos partilha, divisão de alma, conjunto, soma. Precisamos sentir reciprocidade para nos abrir completamente ao amor.

E quando só um ama? Isso beira o amor platônico, no qual uma das partes ama intensamente o que a outra pessoa representa para si (não necessariamente o que ela realmente é!).
Amamos como nos sentimos perto dele (ou dela). Amamos o que somos por causa dele (ou dela), amamos o 'Ele' (ou a 'Ela') que existe unicamente em nossa cabeça. E aí sim, amamos intensamente sozinhos. O difícil problema é que ninguém é estático, como o amor também não é!

Mudamos, crescemos, evoluímos, derrapamos, erramos, quebramos a cara, amadurecemos ou continuamos praticando as mesmas sandices e dizendo as mesmas asneiras, mas o tempo se encarrega de nos corroer, nos mostrar diferentes ao olhos alheios. E aí, tudo muda, até o amor platônico.

Passamos a querer um amor partilhado, que nunca será em 'partes iguais', mas será recíproco. A esse amor buscamos, queremos e insistimos em nos dar ciência dele através do "eu te amo" do outro.
Mas, e quando depois de todo o processo e busca por esse amor. Depois de tantos "eu te amo", já não se está mais nesse amor?

Se um dia nos deparamos conosco diante do espelho e dizemos: Poxa! Como a vida é boa. Ele/Ela me ama e isso deveria me fazer feliz mas, não faz!

Sim, já não faz. Não é o que eu quero, não é como me sinto, não é onde eu gostaria de estar!
Diga aí pra mim, leitor (a): O que você faria?

Penso eu que a forma mais honesta, digna e certa seria por um fim ao relacionamento de conto de fadas (de certa forma, que não se 'ama' mais como antes, já que não é mais aquele relacionamento que se quer, é um certo conto-fantástico-de-personagens-e-sentimentos-imaginários).

Mas veja bem: Quem? Quem de nós conseguiria rejeitar, encerrar, dar um basta e ser digno, certo e honesto com quem nos diz amar?

Falta-nos coragem para rejeitar o amor gratuito a nós ofertado. Falta-nos "peito" para aceitar a realidade que nem sempre amamos em contrapartida. Falta-nos honra para não ficarmos por pena.
O que isso acarreta? Desgaste. Aquele mesmo desgaste natural, só que de forma maciça. Uma hora é fácil dizer "eu te amo" sem sentir realmente, mas depois parece ser um peso incalculável nas nossas costas.
Ouvimos, mas já não estamos lá. Nossa cabeça viaja em outros campos verdejantes, seguindo outros olhos. O coração já está partido e em contrapartida vai findar despedaçando o outro coração.

Até onde vale a pena permanecer onde não se quer em nome de um pseudo 'amor', um nefasta 'pena' pelo o outro? Até onde é digno não querer perder nada, mater vidas paralelas dentro de si, para que no fim "sobre" algo?

Mas isso, quando já não se está lá.

Porque muitas vezes estamos lá. Achamos que não, mas estamos. Só cansamos... o desgaste nos pegou em dias ruins. Queremos respirar um outro ar, mas não deixaríamos aquelas pradarias por nada que nos fosse ofertado, pois uma verdade é que a 'covardia' de deixar situações que nos incomodam, realmente só dura até nos aparecer uma oferta melhor. Aparecendo algo que nos encha "os olhos", criamos uma coragem inesperada e repentina que nos faz mudar toda a ordem das coisas. Mas quando queremos estar ali, ali permanecemos. Não importa o que nos é oferecido.

A pergunta que fica é sempre a mesma... Será que ainda estamos? Será que queremos ficar? Por que será que não fomos?

Pensando... enquanto o café fumegante esfria... até!


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