"Quem nunca ouviu falar de memória de elefante? Conta-se que um alfaiate indiano enfiou uma agulha na tromba de um elefante e, anos mais tarde, quando o animal reencontrou o alfaiate, encheu a tromba d'água e despejou sobre o homem, prova de sua boa memória."
Um ponto fundamental do relacionamento humano reside principalmente no âmbito da memória!
É na memória que guardamos aquilo que nos parece importante e é dela que excluímos aquilo que nos parece desnecessário e enterramos no fundo do subconsciente aquilo que não sabemos lidar. Mecanismos de defesa, memória seletiva, recente ou de longo termo... mas o que nos traz aqui, a esse momento?
Digamos que pouco a pouco estamos relativizando tudo. Nada mais é absoluto, nem o certo, nem o errado, nem a verdade e muito menos a memória!
Nós, todos, procuramos dia a dia meios de guardar na memória apenas aquilo que nos é favorável! Aquilo que nos faz bem, aquilo que nos agrada e faz de nós aquilo que queremos ser! Todas as outras memórias, e geralmente essas são as que se referem aos “outros” tornam-se turvas, distorcidas... Relativas. Não é difícil de ouvir-nos dizendo: Depende do ponto-de-vista!
Mas e quando todos olham apenas do seu próprio ponto-de-vista? Quando sequer paramos para pensar nas conseqüências de nossas ações e distorcemos o que um dia foi a verdade? O simples fato de achar que não há nada de errado no que foi feito não quer dizer que não há! O fato de que para cada um de nós existir uma certa prioridade de ações, não faz dessas ações portadoras de verdade só porque são suas ou minhas.
Mas o fato é que nossa memória joga o nosso “jogo”. Só vemos o que queremos ver? E isso justifica qualquer coisa? Você está sempre errado porque não vê como eu vejo? Eu estou permanentemente errada porque não compactuo do seu modo de pensar? Isso faz do que é certo algo certo só pra você ou certo só pra mim?
Relativizar a verdade, o certo e o errado é muito perigoso. Um dia percebemos que nossas ações, memórias e tudo mais estão impregnadas apenas das nossas vontades, das nossas verdades, do nosso querer e nos tornamos bichos que vivem para justificar a insana sede de realização pessoal.
Algumas pessoas esquecem muito rapidamente o valor das ações cometidas, tendendo a valorizar somente o momento de agora, 'o jato de água da tromba do elefante'. Mas será que lembram do motivo? Será que diferente do elefante, essas pessoas não estão sendo 'alfaiates' demais?
Nossas ações costumam ter peso coletivo. Não somos ilhas... não somos sozinhos... e mesmo não vivendo em função dos outros, não devemos achar que apenas palavras como "sinto muito" e "não queria ter feito, mas fiz mesmo assim" irão amenizar o erro cometido, o desvalor e a dor causada.
É muito fácil a alguém que olha apenas o próprio umbigo achar-se condoída e dolorida quando tem em frente a si uma verdade que não queria ver, um fato que não queria trazer na memória, e mais fácil ainda levantar armas e gritar por justiça, elevando suas nobres características de injustiçado e esquecendo-se de que foi a sua mão que atirou a primeira pedra em nome do “se eu não cuidar de mim quem cuidará?”.
Nem todos os que gritam por justiça e se dizem justos e ilibados o são... alguns apenas enterraram no fundo da memória o verdadeiro conceito de verdade, de lealdade, de companheirismo, de amizade, de prioridades, de certo e de errado. O mundo não seria um lugar melhor se todos engolissem suas dores e abrissem sorrisos sem brilho, máscaras de bem-estar para corações vazios. O mundo seria um lugar justo se as pessoas pensassem mais nas conseqüências de seus atos... De suas palavras, de suas ações que sempre trarão uma reação.
Não estou dizendo que seja mais ou menos justo ou certo o revide. Na verdade, o certo, verdadeiro e imutável seria o perdão. Mas não somos bons o suficiente pra pensar no que fazemos, quem dirá em sermos capazes de perdoar assim, rapidamente. E nisso falo por mim! Sei que como participante do contexto relativizador, há a necessidade de refletir cada caso, cada situação, cada momento... Não muda a verdade, mas dá tempo de procurar brechas legais para justificar ações que, no mínimo, deviam ser vista como erradas, já que o são e mesmo assim foram realizadas. É fato... Fez, suporta a conseqüência...
Você faz isso? Sim! Eu faço? Sim! Porque não importa quanto evoluamos, ainda somos egoístas o suficiente pra só pensarmos em nosso pesar. Buscamos uma justiça capenga, que nos considere desculpáveis e bonzinhos só porque temos problemas, só porque sofremos, só porque nos achamos bons! Isso nunca fez de ninguém bom! Achamos que o simples fato de não irmos lá no causador da nossa dor e dizermos tudo o que nos pesa faz de nós pessoas melhores. Mas não faz! Na grande e esmagadora maioria das vezes, isso faz de nós somente covardes. Devemos ir? Talvez não... Mas talvez não devamos fazer disso uma bandeira de nosso caráter... porque um caráter pautado na justificativa do erro não é caráter, é desculpa!
Caráter é demonstrado, não dito... Dizemos sim, em atos, atitudes. É difícil pensar que a mão que arremessou o bumerangue que agora nos atinge foi a nossa. Queremos que alguém dê fim naquele objeto... mas ele nos lembra que tudo aquilo que você plantar, você vai colher, mesmo que você não queira, ou que você ache que não mereça.
Quando o coração sossega, e tentamos lembrar do tipo de "alfinete" que enfiamos no elefante, passamos a perceber que poderíamos evitar o constrangimento de hoje. Que o jorro de água era tão evitável, quanto a necessidade de ferir só pra ter satisfação pessoal. Que existem formas diversas de termos o que queremos, sem necessariamente termos que abrir mão do que é verdadeiro DE VERDADE (e não do que só eu acho que é verdadeiro porque traz vantagem pra mim!).
Talvez se pesássemos melhor aquilo que plantamos e ponderássemos mais friamente, pudéssemos achar um melhor caminho que não nos afastasse das pessoas, do certo a fazer, do que é verdade além de mim e de você. Mas por que fazer isso se queremos satisfação pessoal imediata? Diz um ditado que “é mais fácil pedir desculpas que pedir permissão”. Uma pena que desculpas não cubram todos os erros e perdas. Uma pena que alguns só sintam as dores quando elas os atingem, uma pena que só se clame por justiça quando o seu pequeno ‘mundinho’ é ameaçado pela dura verdade que não passa a mão pela sua cabeça e diz: “Tudo bem, você fez o que é melhor pra você. Que o resto se dane!”
Ações e reações deviam ser melhores pensadas, pois depois da primeira alfinetada fica difícil puxar da memória de quem foi a decisão inicial. Isso é um exercício para aqueles que aprenderam que não importa de quem é a visão pessoal... verdade e justiça nunca serão minhas ou suas... serão as mesmas sempre.
E eu, que sou falha e ainda estou aprendendo a lidar com pessoas e suas ações, com minhas escolhas e meus caminhos, com meus próprios erros e minhas decisões, só posso assegurar que, embora e indubitavelmente ainda não tenha a grandeza de virar o rosto e dar o outro lado para o outro tapa, tenho a consciência tranqüila de que antes de levantar a primeira pedra que fere, de cometer a ação que traz o constrangimento do ‘jorro de água’ que certamente respingaria em mim, antes de ferir aqueles a quem eu digo amar, pensaria muito ANTES nas conseqüências e nas perdas para depois não estar por aí, gritando por uma honra e uma justiça a qual eu não teria direito... Querendo um atestado de caráter ao qual eu não tivesse real direito! Querer louros por meus erros cometidos, só porque sou capaz de assumi-los é o mesmo que querer beatificar o algoz que maltrata o inocente.
Não revidar é a melhor opção sempre... Uma pena que seja para aqueles que nasceram para a santidade... Não levantar as armas diante de quem o fere é uma sábia decisão, principalmente quando você sabe que merece cada ferida! Aprender isso sem querer parecer mártir e sem tentar calar da memória os próprios erros que lhe fizeram chegar até aquele momento é algo que a humanidade ainda não aprendeu!
Um ponto fundamental do relacionamento humano reside principalmente no âmbito da memória!
É na memória que guardamos aquilo que nos parece importante e é dela que excluímos aquilo que nos parece desnecessário e enterramos no fundo do subconsciente aquilo que não sabemos lidar. Mecanismos de defesa, memória seletiva, recente ou de longo termo... mas o que nos traz aqui, a esse momento?
Digamos que pouco a pouco estamos relativizando tudo. Nada mais é absoluto, nem o certo, nem o errado, nem a verdade e muito menos a memória!
Nós, todos, procuramos dia a dia meios de guardar na memória apenas aquilo que nos é favorável! Aquilo que nos faz bem, aquilo que nos agrada e faz de nós aquilo que queremos ser! Todas as outras memórias, e geralmente essas são as que se referem aos “outros” tornam-se turvas, distorcidas... Relativas. Não é difícil de ouvir-nos dizendo: Depende do ponto-de-vista!
Mas e quando todos olham apenas do seu próprio ponto-de-vista? Quando sequer paramos para pensar nas conseqüências de nossas ações e distorcemos o que um dia foi a verdade? O simples fato de achar que não há nada de errado no que foi feito não quer dizer que não há! O fato de que para cada um de nós existir uma certa prioridade de ações, não faz dessas ações portadoras de verdade só porque são suas ou minhas.
Mas o fato é que nossa memória joga o nosso “jogo”. Só vemos o que queremos ver? E isso justifica qualquer coisa? Você está sempre errado porque não vê como eu vejo? Eu estou permanentemente errada porque não compactuo do seu modo de pensar? Isso faz do que é certo algo certo só pra você ou certo só pra mim?
Relativizar a verdade, o certo e o errado é muito perigoso. Um dia percebemos que nossas ações, memórias e tudo mais estão impregnadas apenas das nossas vontades, das nossas verdades, do nosso querer e nos tornamos bichos que vivem para justificar a insana sede de realização pessoal.
Algumas pessoas esquecem muito rapidamente o valor das ações cometidas, tendendo a valorizar somente o momento de agora, 'o jato de água da tromba do elefante'. Mas será que lembram do motivo? Será que diferente do elefante, essas pessoas não estão sendo 'alfaiates' demais?
Nossas ações costumam ter peso coletivo. Não somos ilhas... não somos sozinhos... e mesmo não vivendo em função dos outros, não devemos achar que apenas palavras como "sinto muito" e "não queria ter feito, mas fiz mesmo assim" irão amenizar o erro cometido, o desvalor e a dor causada.
É muito fácil a alguém que olha apenas o próprio umbigo achar-se condoída e dolorida quando tem em frente a si uma verdade que não queria ver, um fato que não queria trazer na memória, e mais fácil ainda levantar armas e gritar por justiça, elevando suas nobres características de injustiçado e esquecendo-se de que foi a sua mão que atirou a primeira pedra em nome do “se eu não cuidar de mim quem cuidará?”.
Nem todos os que gritam por justiça e se dizem justos e ilibados o são... alguns apenas enterraram no fundo da memória o verdadeiro conceito de verdade, de lealdade, de companheirismo, de amizade, de prioridades, de certo e de errado. O mundo não seria um lugar melhor se todos engolissem suas dores e abrissem sorrisos sem brilho, máscaras de bem-estar para corações vazios. O mundo seria um lugar justo se as pessoas pensassem mais nas conseqüências de seus atos... De suas palavras, de suas ações que sempre trarão uma reação.
Não estou dizendo que seja mais ou menos justo ou certo o revide. Na verdade, o certo, verdadeiro e imutável seria o perdão. Mas não somos bons o suficiente pra pensar no que fazemos, quem dirá em sermos capazes de perdoar assim, rapidamente. E nisso falo por mim! Sei que como participante do contexto relativizador, há a necessidade de refletir cada caso, cada situação, cada momento... Não muda a verdade, mas dá tempo de procurar brechas legais para justificar ações que, no mínimo, deviam ser vista como erradas, já que o são e mesmo assim foram realizadas. É fato... Fez, suporta a conseqüência...
Você faz isso? Sim! Eu faço? Sim! Porque não importa quanto evoluamos, ainda somos egoístas o suficiente pra só pensarmos em nosso pesar. Buscamos uma justiça capenga, que nos considere desculpáveis e bonzinhos só porque temos problemas, só porque sofremos, só porque nos achamos bons! Isso nunca fez de ninguém bom! Achamos que o simples fato de não irmos lá no causador da nossa dor e dizermos tudo o que nos pesa faz de nós pessoas melhores. Mas não faz! Na grande e esmagadora maioria das vezes, isso faz de nós somente covardes. Devemos ir? Talvez não... Mas talvez não devamos fazer disso uma bandeira de nosso caráter... porque um caráter pautado na justificativa do erro não é caráter, é desculpa!
Caráter é demonstrado, não dito... Dizemos sim, em atos, atitudes. É difícil pensar que a mão que arremessou o bumerangue que agora nos atinge foi a nossa. Queremos que alguém dê fim naquele objeto... mas ele nos lembra que tudo aquilo que você plantar, você vai colher, mesmo que você não queira, ou que você ache que não mereça.
Quando o coração sossega, e tentamos lembrar do tipo de "alfinete" que enfiamos no elefante, passamos a perceber que poderíamos evitar o constrangimento de hoje. Que o jorro de água era tão evitável, quanto a necessidade de ferir só pra ter satisfação pessoal. Que existem formas diversas de termos o que queremos, sem necessariamente termos que abrir mão do que é verdadeiro DE VERDADE (e não do que só eu acho que é verdadeiro porque traz vantagem pra mim!).
Talvez se pesássemos melhor aquilo que plantamos e ponderássemos mais friamente, pudéssemos achar um melhor caminho que não nos afastasse das pessoas, do certo a fazer, do que é verdade além de mim e de você. Mas por que fazer isso se queremos satisfação pessoal imediata? Diz um ditado que “é mais fácil pedir desculpas que pedir permissão”. Uma pena que desculpas não cubram todos os erros e perdas. Uma pena que alguns só sintam as dores quando elas os atingem, uma pena que só se clame por justiça quando o seu pequeno ‘mundinho’ é ameaçado pela dura verdade que não passa a mão pela sua cabeça e diz: “Tudo bem, você fez o que é melhor pra você. Que o resto se dane!”
Ações e reações deviam ser melhores pensadas, pois depois da primeira alfinetada fica difícil puxar da memória de quem foi a decisão inicial. Isso é um exercício para aqueles que aprenderam que não importa de quem é a visão pessoal... verdade e justiça nunca serão minhas ou suas... serão as mesmas sempre.
E eu, que sou falha e ainda estou aprendendo a lidar com pessoas e suas ações, com minhas escolhas e meus caminhos, com meus próprios erros e minhas decisões, só posso assegurar que, embora e indubitavelmente ainda não tenha a grandeza de virar o rosto e dar o outro lado para o outro tapa, tenho a consciência tranqüila de que antes de levantar a primeira pedra que fere, de cometer a ação que traz o constrangimento do ‘jorro de água’ que certamente respingaria em mim, antes de ferir aqueles a quem eu digo amar, pensaria muito ANTES nas conseqüências e nas perdas para depois não estar por aí, gritando por uma honra e uma justiça a qual eu não teria direito... Querendo um atestado de caráter ao qual eu não tivesse real direito! Querer louros por meus erros cometidos, só porque sou capaz de assumi-los é o mesmo que querer beatificar o algoz que maltrata o inocente.
Não revidar é a melhor opção sempre... Uma pena que seja para aqueles que nasceram para a santidade... Não levantar as armas diante de quem o fere é uma sábia decisão, principalmente quando você sabe que merece cada ferida! Aprender isso sem querer parecer mártir e sem tentar calar da memória os próprios erros que lhe fizeram chegar até aquele momento é algo que a humanidade ainda não aprendeu!
"Quando a consciência nos acusa,
o interesse ordinariamente nos defende"
Marquês de Maricá
Hoje o café está fraco e frio... não é o ideal pra dividir. Esperemos outros melhores!
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