09 julho, 2024

Manual da vida para iniciantes

Por Cau Alexandre

   A pessoa se joga no chão e esperneia. Do alto de seus vinte e poucos anos, personifica a birra pueril. Uma criança chorona em um corpo quase adulto. Quase, porque não importa a idade que se tenha, a maturidade interior transforma e transparece no corpo, na pele, na postura da coluna. Pra sempre um ser infantil e incapaz de controlar os próprios desejos e impulsos.

   Vi a notícia numa dessas postagens tão comuns das redes sociais. Não tem nome, não tem procedência, nem localização, por vezes, não tem nem rosto visível. Só manchete! Não é algo novo, os meios de comunicação gostam do sensacionalismo e sempre gostaram. Só mudou de nome e plataforma, como tudo ultimamente (e isso é assunto pra outro texto).

   Olhei para a postagem num misto de espanto e aborrecimento, que só os que nasceram velhos têm. As coisas do mundo nos abismam e ao mesmo tempo já nos são tão comuns que nos indignam de tão corriqueiras. Imagina agora que sou velha mesmo.

   A cena não é incomum, é só ultrajante. Pessoas adultas não sabem mais o que é amadurecer. Uma sociedade de "Peter Pans", mas sem o glamour da Disney. Não é que estejamos nos recusando a crescer para usufruir da vida ingênua e infantil indefinidamente. Não se cresce porque não se sabe como. Não é a escolha, é um desconhecimento por opção. É triste e profundamente angustiante. Somos a sociedade da informação, do conhecimento que nos chega rápido como um raio (ou mais ainda), da profusão de saberes e, ainda assim, ignorantes de tudo. Principalmente ignorantes de todo o saber construído antes de nós, conosco e que se deixará como legado.

   Como pequenos animais domésticos, estamos afogados em um grande número de treinadores, que já se chamaram de "coach", mas dado o turbilhão de péssimos usuários do nome, agora são mentores, que ao menos voltou para a língua portuguesa, mas cujo o título reveste os mesmos indivíduos que, embora carecendo para si mesmos dos próprios conselhos, dizem saber muito, mas que estão no mesmo nível de seus mentoreados (peço perdão pelo uso do termo existente e já em uso em língua portuguesa, antes do aportuguesamento do termo exportado do inglês. O que nos leva novamente às mudanças para dar "cara de novo" àquilo que já existe, mas novamente, é assunto pra outro texto).

   É assustador, sim. Como assustador é escrever sobre isso. Sinto-me velha, rabugenta e pedante, um horror. Mas quer saber? Por que eu não poderia? Num mundo em que todos podem dizer o que querem, sem filtro e sem se importar com o sentimento alheio, unicamente porque podem, por qual motivo eu também não poderia dizer aquilo que me foi fincado na alma ao longo dos meus muitos anos de vida? Por que não poderia dividir o que me trouxe a maturidade adquirida ao longo de uma vida de observação e reflexão, que já nasceu dotada de senso crítico (como todo e qualquer ser humano, é bom se dizer)?

   Então, despindo-me da minha "vergonha alheia" e caindo de cabeça no poço cheio de obviedades, que parecem não serem tão óbvias assim, vou sim criar meu minúsculo "Manuel da vida para iniciantes". Com toda licença poética que a escrita me confere, é claro. Não é que eu saiba tudo (ou muito), mas eu sei de uma ou duas coisinhas que demonstram ser do conhecimentos apenas de uns indivíduos que semelhantemente concatenam de raciocínios lógicos e críticos, que antes de mim, ou comigo, estão tentando gritar ao vento um ou outro aprendizado, na esperança de que alguém ouça, ou que se preste atenção. A realidade, é que está ficando cada vez mais raro e difícil de se achar esses indivíduos, talvez por cansaço, modelação ou extinção mesmo. Mas na iminente falta de quem diga qualquer coisa que não seja através de uma dancinha embalada por uma letra tosca, alguns ainda se prestam a essa papel. E lá vou eu, repassar o que já foi devidamente testado na vida, não só minha, mas daqueles que vieram antes de mim, deixando seu legado impresso na minha história e que me deram a autoridade, sem diploma, de viver digna e maduramente. O que, na atualidade, já é uma riqueza imaterial sem precedentes.

   Infelizmente, não serei "coach" ou mentora. Apensa exercerei o meu papel: ensinarei daquilo que aprendi, o que na verdade é minha função profissional na vida, e que me sinto na obrigação de dizer que é o que professores fazem. Porque, ao que parece, em algum momento, aqui entre nós, dizer-se "professor" tornou-se pejorativo. Deve ser pelos retornos financeiros ínfimos, possivelmente.

   Aviso, com muita veemência, que não estou oferecendo fórmulas mágicas, tutoriais, modelos perfeitos, fechados e testados, com selo ISO e tudo mais. E peço desculpas sinceras se você chegou até aqui no texto achando que seria isso que encontraria ao final, mas não é (e olha só, você chegou até aqui!). Então, que fique claro, você não é obrigado a ler, opinar ou muito menos concordar. Entendo esse espaço como um grito solitário, junto de outros gritos solitários em busca de eco em algum ouvido interessado. Se não for seu caso, pode passar adiante (ou rolar pra cima, pra baixo, de lado, ou seja lá para onde estivermos rolando a vida atualmente) e fazer de conta que nunca esteve aqui, neste texto.

   Caso volte, para outras inserções, saiba que será mais como uma conversa de pé de janela, na varanda de casa, uma prosinha no barzinho da esquina, aquele papo descontraído com o estranho no banquinho da praça ou com o tom circunspecto daquelas conversas sérias que acontecem com nossos pais uma vez na vida, antes que eles se vão. 

   Então, nesse pequeno espaço concedido a nós pelo texto, munida de uma xícara de café (cancelado ou não, dependendo da época em que você leia estas linhas), travaremos nossos dois dedos de prosa, desvendando o fantástico mundo dos seres vivos, ditos inteligentes e racionais.

   Bem-vindos ao MANUAL DA VIDA PARA INICIANTES.

14 setembro, 2020

Educação em tempos de pandemia...

Por Cau Alexandre

Em um ano muito confuso, muito preocupante e cheio de incertezas, nos deparamos com a surpresa de novas ideias e oportunidades.

26 setembro, 2017

Quando escrever e respirar tornam-se difíceis...

Por Cau Alexandre

Escrever é um desafio.

Não há como não entender isso. Nós aprendemos a falar intuitivamente. Saímos de meros balbuciados à palavras inteira
s sem muito esforço. Ouvimos as pessoas ao nosso redor falando o tempo todo. Tentamos imitar seu tom de voz, sua entonação e os trejeitos enquanto despejam anos e anos de fala em nosso pueril ouvido. Mas escrever é outra coisa.


05 junho, 2013

Carta Aberta aos carrapatos com tosse...

P atético pedaço de ser
E nraizado em mal querer
R idículo e risível
D emente de alma
E ntranhado de mal dizer
D esprezívelmente vil
O dioso repugnante
R ecalcado...


27 outubro, 2012

Carta Aberta...

Por Cau Alexandre

Como se o apagão não fosse na verdade resquícios do sucateamento do governo FHC que vendeu tudo o que tínhamos sem nenhuma segurança para que continuássemos tendo. Como se o apagão não fosse o resultado de um crescimento não acompanhado, do descaso de muitos governos em infraestrutura básica pra nação. 


30 julho, 2012

Palavras, Silêncios, Ações e Entendimentos!

Por Cau Alexandre

Deveríamos falar mais de amor, mas só quando entendêssemos as implicações de amar de verdade.

Quando houvesse sentido em amar apesar de tudo. Quando o amor fosse capaz de superar até a si mesmo e as frustrações humanas.

Deveríamos falar de respeito, mas só quando o nosso umbigo fosse menor que o mundo, e os nossos olhos vissem mais além que a ponta do nosso próprio nariz.


11 julho, 2012

O Esquecimento Providencial II

Por Cau Alexandre

Porque mentes insanas e esquecidas 
nunca param de florescer, infelizmente.

Estou eu aqui às voltas com meus pensamentos e ponderações sobre como são as pessoas, como se comportam, como criam as suas máscaras e continuamente acreditam nas mentiras que inventam e repetem tanto a si mesmos essas mentiras, que acabam achando que é verdade.


27 junho, 2012

Informação...



Por Cau Alexandre


Para aqueles que não sabem ou que propositalmente fingem que esqueceram:

É a lei que regulamenta o direito autoral no Brasil. 
Apesar de, particularmente, achar uma lei que precisa de muitos ajustes e que se repense a questão do direito de criação, ainda é a lei regulamentadora!


13 abril, 2012

Eu, Você e a Família

Por Cau Alexandre

Família é daquelas coisas das quais não conseguimos fugir. Nascemos e sem entender nada da vida, já sabemos que somos parte de algo. Algo maior que nós, algo maior que um simples ajuntamento de pessoas, algo maior que um grupo que nos alimenta, nos veste, nos cuida. Uma Família!

23 maio, 2011

Eu & Os Colóquios da Morte

Por Cau Alexandre

Do que somos feitos? Carne e ossos? Sentimentos e emoções? Sonhos e decepções? Decisões, escolhas, caminhos?
Somos feitos de tudo isso. Das lições aprendidas com nossos pais e com filhos. Dos livros lidos, das músicas ouvidas, das placas que nos mostravam o caminho, dos muros que nos impediam a passagem. Somos feitos de choros e sorrisos, momentos felizes e tristes, instantes de desespero e profundo prazer. Somos feitos de esperança e lamento, de canto e dor. Somos uma infinidade de partes construídas por pequenos momentos.